quarta-feira, 22 de março de 2006

blé blé blé ou belinha de saquinho cheinho + histórias de família

Ando tão sem paciência com essa coisa toda de política que tá ai!
E igualmente impaciente com o povo que faz e anda por trás e trabalha com isso e tem que ler e ver e ouvir a ladainha do " não fui eu", "tava assim quando eu cheguei", " eu jamais não sei o quê", "nunca em tempo algum não sei das quantas" e logo adiante vem uma historia escusa e "blow"!
E pior ainda que isso é o povo que fica dando uma de vidente e tentando adivinhar quem vai chegar aonde...cinetistas políticos, sociólogos, jornalistas, advogados...numa tentativa vã de adivinhar o futuro. Cada qual com a teoria mais rocambolesca que o outro.
Preguiça. Cansaço. desânimo...

Quem me animou veramente foi a Fal com o lançamento da sua candidatura!
Quer dizer, a idéia que há de crescer e se mulplicar. Que fara com que ela caia na boca do povo, malfalada e autoritária, antidemocrática e mão de ferro e fará, deste, o país dos desiguais mais felizes do praneta, tão me entendendo?

Pois, ponham-se de joelhos, feito eu, e orem, meus bens!
Orem para que a OBBA (Organização dos Bloggeiros Bocós e Abastados) faça da sua Master Fal a dona e senhoura deste vasto país!
Leremos bons livros, ouviremos bons discos, falaremos mal do alheio, comeremos do bão e do melhor e nos fartaremos de conversar e rir ad infinutum. Afora as redes penduradas nos alpendres, os abanadores, os massagistas e todos os escravos sexuais a que cada uma de nós terá direito de posse.
Será o paraíso dos opulentos e luxuriantes, faustosos e lindos, apetitosos, deleitáveis e fecundos!
Amém!

***

E lá me vem mais um dos sonhos da série "Sem tecla SAP, tradução simultânea ou janelinha de libras no cantinho superior esquerdo".
Pois bem, dois lindos cavalos brancos. Soltos e felizes, bem alimentados e saudáveis correram pelos campos oníricos da minha douda cabeça por uma noite inteira!
E eu acordei achando lindo, mas completamente debilitada, não tive como interpretar uma coisa assim.

***

Tem umas histórias de família que são completamente de outro tempo, mesmo que tenham acontecido ontem.
Pois bem, minha família baiana tem raiz numa cidadezinha do sertão. Lá moram alguns parentes, nem muito distantes, nem muito próximos, mas daqueles de quem sempre se tem notícia. E dentre eles, sempre tem aqueles que a memória afetiva teima em guardar n'algum lugar escondidinho, à base de formol, mas com notas de alecrim e alfazema.
Maria é uma mulher que trabalhou a vida inteira na casa da madrinha de meu irmão, tia Lulinha ( não façam isso, não levem pelo nome, pufa!) que é casada com tio Armênio, irmão de meu avô. Quituteira de mão cheia, ela nunca se casou. Era companheira silenciosa de cozinha, inocente como uma menina de tranças e amiga do peito do papagaio da casa.
Ele gritava pela casa, de manhã cedo: Mariiiia, meu café, Maria!
E ela, quando não atendia de pronto, logo dialogava com o lourinho, toda carinhosa: - Calma, rapaz! Não ta vendo que eu tô "acupada"? Deixa eu servir o "pouvo" primeiro, botar a mesa do café do "pouvo" que eu já venho trazendo seu café".
E o louro calava, satisfeito com o carinho da Maria.
Qualquer um que chegasse perto dele - e não fosse a Maria - ele logo dizia: óia o abestado!
Era uma farra quando éramos pequenos!
Adorávamos fazer o louro aprender palavrões pra que ele dissesse quando Tia Lulinha chegasse.
E ela se benzia, pegava no terço e condenava o louro e todos nós, sobrinhos-netos, ao purgatório!

Pois, minha avó voltou de lá ontem e me deu a notícia da morte do papagaio. Disse que Maria vestiu preto e chora feito viúva.

Meu avô, bem intencionadíssimo, foi tentar falar um pouco com ela. Chegou dizendo que ela tava parecendo a viúva do louro e que, embora ele soubesse que o papagaio levou Maria no coração, ela não podia ficar assim.

Maria levantou os olhos, fungou um pouquinho e perguntou: - "Mas, seu Henrique, e louro lá tem coração?". E retomou o choro de onde tinha parado, sem esperar a resposta.