domingo, 18 de setembro de 2005

Ai que canseira!

Eu não sou uma pessoa desanimada, pessimista, acomodada...não sou.
Mas depois de uma semana como a que passou, cheia de acontecimentos estrondosos, eu confesso o meu desânimo.
Fica cada vez mais difícil acreditar que realmente haja uma nova fórmula em curso.
Não consigo enxergar o novo amanhecer, o novo horizonte amplo e luminoso. Não vejo a luz no fim do túnel.
O que eu consigo ver, mais a cada dia, é uma sempre nova tentativa de preservar alguém, algum partido, um presidente daqui, um senador dali, um deputado mais adiante.
A sensação é que a ficha caiu pra muitos de nós, de que deve haver uma reformulação geral das velhas regras, mas não para eles, que devem executar essa inovação. Lá, perpetua-se a lei de proteger os que devem ser protegidos, preservar os que merecem (obviamente que por um critério impalpável e inexplicável diante da vida real - o de manter em curso um esquema que condena a maioria).
Eu juro que tento enxergar com olhos claros e espírito desarmado tudo à minha volta, mas entre o "pasmo essencial" e a viseira há um abismo.
Não me dobro às explicações ideológicas da fraude - se ideais justificassem tudo, neste momento justificariam um auto-desmonte deliberado do atual governo, sob a bandeira da ética -, não me compadeço da situação pessoal de Genoino, por exemplo, de uma maneira diferente da que me compadeceria por qualquer outra pessoa que passasse dificuldades.
Não uso dois pesos e duas medidas na minha vida, por isso, talvez não consiga compreender os porquês.
Por mais brilhante e luminosa que tenha sido a escolha inicial de Lula para me representar, hoje eu só consigo ver em sua cabeça uma névoa embaçada e escura, típica dos que perderam o foco, se misturaram tanto que já não sabem quem são, venderam a alma prum diabo falante e autoritário e ignoraram a hora do julgamento final (que em política responde pelo nome de eleição). E na minha história pessoal jamais houve espaço pra um sujeito que a mim me traiu pessoalmente.
O complicado, a partir de agora, é manter a esperança, mesmo sem horizontes, mesmo sem opções concretas, mesmo sem perceber a mais remota possibilidade de melhora.
Roberto Pompeu de Toledo, na Veja desta semana, identificou onde nasce esse desânimo em mim: "Quanto mais pensamos que nos mexemos, mais continuamos no mesmo lugar ".
Deve ser por isso e por causa desse calor seco do cerrado que o meu espírito acordou assim.

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Hoje é um dia que eu preciso de poesia!!!
Vocês entendem???

Ah, e na ausência da chuva, uma cachoeirinha, de quebra, pra arrematar, é claro!

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Algumas situações da vida da gente podiam ter bula.
Nem a posologia precisava ter, ou a identificação clara de ingredientes, nem mesmo um SAC, eu exigiria...eu queria só a parte da "interação medicamentosa", pra gente compreender "o quê" se misturado com o "o quê" faz um desastre...sabe comé?