sábado, 3 de setembro de 2005

Veja só

A Veja da próxima semana vem com matérias, no mínimo, preocupantes.

Diogo Mainardi faz "O Resumo da Ópera", contando pra gente como ele entende o caso Mensalão. Tem Telemar, Opportunity, Kroll, Marcos Valério, Daniela Dantas, João Paulo Cunha, Zé " Cara de Cera" Dirceu e Bob Jeff no elenco principal da novela.

Além da historinha do mensalinho do Severino, de que ouvimos falar 5ª e 6º feiras, o jornalista Otávio Cabral enumera as últimas proezas do presidente da Câmara. Dentre elas está a nomeação de Augusto Nardes para o TCU.
Amigo pessoal de Severino e membro do PP gaúcho, Nardes é processado por crime eleitoral, peculato (que é quando um funcionário público, por causa do cargo que ocupa, tem a posse de dinheiro ou qualquer outro bem - público ou privado! - e se apropria deles, ou os desvia, para ele mesmo ou para beneficiar alguém) e concussão (que é a extorsão cometida por empregado público no exercício de suas funções), mas fez um acordo para livrar-se da condenação: doaria R$ 1.000 ao Fome Zero e faria oito palestras em escolas públicas, uma a cada três meses, durante dois anos, sobre democracia e eleição. O deputado não cumpriu o acordo e ainda tentou tentou dar um aplique dizendo que concedera as oito palestras em dois dias. Em abril, o procurador-geral da República denunciou a malandragem à Justiça, exigindo que a pena fosse cumprida ao longo de dois anos – e não de dois dias. Informado da ação criminal e do acordo fraudado, o presidente do TCU, Adylson Motta, ficou horrorizado. Escreveu ao presidente Lula pedindo que não sancionasse a nomeação de Nardes devido à "inobservância do requisito constitucional da reputação ilibada e idoneidade moral". Lula não deu a mínima. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União na semana passada.

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Ainda na Veja se comenta a demissão de Juscelino Dourado, ex-assessor de Palocci, depois de sua confissão à CPI de realmente ter agendado uma reunião do ministro da Fazenda com a diretoria do grupo português Somague, em 2003, a pedido de Buratti - o tal padrinho de casamento de Dourado acusado de ser um dos mentores da máfia do lixo.
A revista proclama que as denúncias publicadas por ela vêm se confirmando e, portanto, conclui que as restantes também serão confirmadas.
É esperar pra ver.

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O Millôr vem que vem, desancando, ó:

" O mundo gira e a Lusitana roda. Legisladores fingem que legislam, executivos fingem que executam, juízes fingem que julgam, bancos fingem que não são arapucas, militares nem sabem o que fazer. E o mundo funciona. Quando se mostra que nada é o que parece, o mundo vem abaixo. Moral: só a hipocrisia garante a tranqüilidade social."

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"Decidam de uma vez: Lula fala pelos cotovelos, meteu os pés pelas mãos, não sabe onde tem o nariz, deu um passo maior do que as pernas, tudo lhe entra por um ouvido e sai pelo outro, tem o olho maior do que a barriga, fala dos outros pelas costas, e já não é mais unha e carne com Palocci?"

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"ELE garantiu: "Podem estar certos de que vamos apurar tudo! Doe quem doar". "

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Gente, cadê o Paulim?
Será que ele foi do Chile pro Peru e acabou encontrando a 10º profecia???
A 9ª ele parece ter aprendido direitinho...o cara ficou invisível!

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Eita, acabei de chegar de um velório...
A mãe de um amigo foi assassinada por uma disputa de terra em Tocantins.
Todo mundo chocado, mas lá no Cemitério estávamos todas as amigas, juntas, pra dar um abraço, um apoio, uma força pro Julim...
Nenhum amigo-hômi apareceu!
Nanananina.

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Bom, depois de taaaanta notícia animadora, vou ali fazer uma farra gastronômica, com as minhas amigas lindas, poderosas e energéticas! hahahaha
Num sítio à beira dum riacho, sem TV, telefone, internet & afins.
Vai ter de tuuudo.
Não me esperem.

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Mas eu deixo uma poesia pra vocês, que eu não sou amiga da onça.
Mas também não ia deixar vocês sem ter no que pensar, né?
É de um dos meus poetas favoritos, Murilo Mendes

Somos todos poetas

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já Na frente dos meus sucessores.
Companheiro, Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

In: A poesia em pânico. Rio de Janeiro, Cooperativa Cultural Guanabara, 1938.