terça-feira, 9 de maio de 2006

Ezra Pound...pra começar bem a semana

Num prometi?
Então...taí!

Se eu tivesse que organizar um volume de poesias completas da minha vida, esses dois poemas fariam parte dele!

Adélia Prado diz que quando a poesia nos toca dessa maneira e provoca essa experiência poética/religiosa, que faz vibrar alguma coisa funda, que nos lembra que estamos vivos, ai, então, a poesia não é mais de quem a escreveu, mas minha. Viu? M-i-n-h-a!


A Água-Furtada

Vamos, lamentemos os que estão em melhor
situação que a nossa.
Vamos, meu amigo, e lembra-te.
Os ricos têm mordomos e não têm amigos,
E nós temos amigos e não temos mordomos.
Vamos, lamentemos os casados e os solteiros.

A aurora entra com pés pequenos
Pavlova dourada
E estou perto do meu desejo.
E a vida não tem nada de melhor
Que esta hora de claro frescor,
a hora de acordar juntos.


Canto 81
(Fragmento)
O que amas de verdade permanece,
o resto é escória.
O que amas de verdade não te será arrancado
O que amas de verdade é tua herança verdadeira
Mundo de quem,meu ou deles
Ou não é de ninguém?
Veio o visível primeiro, depois o palpável
Elísio, ainda que fosse nas câmaras do inferno,
O que amas de verdade é tua herança verdadeira
O que amas de verdade não te será arrancado

A formiga é um centauro em seu mundo de dragões.
Abaixo tua vaidade, nem coragem
Nem ordem, nem graça são obras do homem,
Abaixo tua vaidade, eu digo abaixo.
Aprende com o mundo verde o teu lugar
Na escala da invenção ou arte verdadeira,
Abaixo tua vaidade,
Paquim, abaixo!

O elmo verde superou tua elegância.
“Domina-te e os outros te suportarão”
Abaixo tua vaidade
Tu és um cão surrado e largado ao granizo,
Uma pega inchada sob um sol instável,
Metade branca, metade negra
E confundes a asa com a cauda
Abaixo tua vaidade
Que mesquinhos os teus ódios
Nutridos na mentira,
Abaixo tua vaidade
Ávido em destruir, avaro em caridade,
Abaixo tua vaidade,
Eu digo abaixo.

Mas ter feito em lugar de não fazer
isto não é vaidade
Ter, com decência, batido
Para que um Blunt abrisse
ter colhido no ar a tradição mais viva
Ou num belo olho antigo a flama inconquistada
Isto não é vaidade.
Aqui o erro todo consiste em não feito.
Todo:na timidez que vacilou.

***

O Jerico reclamou da falta de novidade na entrevista do Silvinho (uia, que íntimo!).
Como diria Nietzsche:" É pobreza, imundice e conformidade lastimosa"!
Eu concordo...mas não seria por falta de novidade que a gente ia passar essa semana, né mesmo?
Leiam a entrevista do Ciro Gomes, na Caros Amigos.
FHC e Serra, juntinho com Alckmim, estão revortosos, meus queridos!
Só por isso já valeria a pena!

***

Heloisa Gritando Helena tem um novo poster na parede de seu gabinete.
Ninguém menos que Graciliano Ramos, num retrato em sépia...muito bem enquadrado, em moldura antiga...belo realmente!
Tomara que inspire a moçoila a ser um tantinho mais comedida!