domingo, 25 de junho de 2006

Os homens que eu amo e suas contribuições maravilhosas

Minha casa é um território masculino, por natureza. Sempre foram maioria, continuam sendo. Diferente da casa da minha mãe, onde a palavra de ordem, o jeito, o cheiro eram femininos. Naturalmente, pois éramos 6 mulheres, pra 3 homens.

Demorei algum tempo pra me acostumar a isso. Uma casa com mais homens que mulheres impõe um ritmo diferente, uma organização estranha aos meus olhos acostumados com o toque feminino em cada gaveta.

Aqui eles mandam. Sem serem ditadores, déspotas, carinhosamente. E eu me deixo levar, encantada, por esse jeito macho de viver.

Fora alguns arranca-rabos básicos por aquilo que eu não suporto (como comer na cama, no sofá, andando pela casa ou na frente do computador; jogar a toalha molhada embolada sempre em cima do travesseiro ou sobre o edredon; deixar um ‘montinho’ de roupa suja no chão do quarto e querer usar a mesma meia ou cueca duas ou três vezes), eles são bons ajudantes, um tantinho rebeldes, no começo. Mas logo se tornam doces auxiliares nas tarefas de casa. E ditam formas diferentes de fazer as coisas... e eu adoro!

É que eu mandei a empregada embora. Não agüento cara feia e mau humor, muito menos se aliados a uma arrogânciazinha básica e a uma certa indolência...então, o destino dela era mesmo esse...ir pra longe da gente. Tá certo, me conformo rápido.

Daí que o cotidiano não deixa por menos e faz da gente o que se exigia dela...e lá vamos nós em mais um turno de trabalho pesado, enquanto a nova não vem.

Essa semana, meu filho mais velho foi encarregado de lavar os pratos do almoço e guardá-los em seus lugares, sequinhos. Ficou bravo com a nova ordem, reclamou que o mais novo não teria que fazer nada, porque era pequeno e quebraria tudo (ele mesmo ressaltou!). Mas, ele seguiu pra cozinha, meio emburrado, organizou os pratos dentro da pia, jogou uma aguinha. De repente, pára tudo e sai em disparada pro quarto. Volta com o som portátil, cheio de Cds na outra mão. E pronto, se estabelece uma nova ordem: lavar pratos com música é muito mais divertido. E de hoje em diante, o sonzinho fica na prateleira da cozinha. Definitivamente.

***

Eliane, que tem filho da idade do meu, me liga “revolts”:

- "Minina, quê que isso?
Só cresce canela, pé e saco, é?
Miolo que é bom, nada?"

Huahuahuahuah...pior que é.


***

Eu queria um domingo de sol, de calor, azul de doer nos olhos e de queimar a pele...mas ganhei um dia cinzento, estranhamente chuvoso (em plena época de seca no cerrado), frio...
Em vez do parque, um cinema. Em vez do biquíni, um suéter. Em vez da havaiana, meias e botas...tudo bem também, né?

***

Ontem foi a comemoração dos 81 anos de meu avô Henrique (pai do meu pai).
Baiano (thanks, God!), casado com minha avó Lucinha, há quase 60 anos, ele teve 5 filhos - Carlos Henrique (Tái, meu pai), Jorge (o Doguerão, meu tio ermitão), Wólia (a Guga, que não precisa de mais adjetivos), Ivan (o Vagabundo Sagrado, autor de “No submundo do sucesso”) e Henrique Filho (o Reco do Bandolin). Desses ai descenderam 15 netos (sendo eu a primeiríssima! Olha a sorte da garota! :oD) e 8 bisnetos.
Com a idade do meu mais velho (12 anos), ele já morava sozinho, em uma pensão, estudando em Feira de Santana/BA. Foi o primeiro filho da terra dele (Ipirá ou Camisão) a fazer curso superior. Formou-se advogado, foi deputado, fundador do MDB. Cassado, teve que rebolar pra se manter e terminar de criar os filhos.
Há anos, ele acorda, todo dia, toma seu suco de frutas, come uma banana e caminha uma hora. Três vezes por semana, faz musculação. Volta pra casa, lê os jornais e toma seu banho seguido de um bom café da manhã nordestino (sempre tem tapioca, cuzcuz, um mungunzá, um bolo de macaxeira). Se você chegar lá, vai sempre vê-lo impecável: penteado, bem vestido, muito bem informado sobre tudo e todos.

Ele é um homem de fibra, cheio de orgulho pela família, com alguns desencantos, mágoas, mas que não maculam a imagem sorridente, festeira, de encantado pela vida que ele é. Além de ter sido sempre um homem ideológico, de ter sofrido por isso e de ter pago caro o ônus dessa ideologia (ele é dos raros casos em que se empobreceu na política), ele transborda saúde, idéias e perfume. E, sempre que pode, me dá a certeza de que o apoio e o amor dele são incondicionais.
Eu não podia ter dado maior sorte.
Não podia ter pedido melhores genes.

'Brigada mesmo, vô.