quinta-feira, 29 de junho de 2006

Sêca no Cerrado...

Chove nos últimos dias de junho, em pleno Planalto Central.
E eu descubro o que me espanta tanto.
Não é a umidade em tempos de seca,
não é o cheiro de terra molhada
quando devia haver poeira vermelha entrando pelas janelas.

Eu sou do cerrado, sabe?
Tempo de seca é meu tempo de ver florir os ipês.
È quando o céu acorda absurdamente azul,
os dias são claros,
e os crepúsculos matam de inveja
os mais brilhantes artistas plásticos
com seus tons de vermelho,
laranja e rosa.
É quando de noite,
em qualquer pedaço de terra,
você assiste ao festival de purpurina que Via Láctea faz.

É quando seu filho olha pra cima e diz
que aquela festa de raios, por trás da solitária e alva nuvem,
“só podem ser os raios de felicidade de Deus!”.
Na chuva aqui o que se vê são verdes,
verdes e tons de cinza
que não ajudam o mais otimista dos corações.
O que me espanta?
A sintonia com o meu espírito.