segunda-feira, 4 de junho de 2007

C'est la vie, n'est pas?

Tinha um pacto com ela mesma de não mostrar o que tinha de feio e ruim...

não deixava que a gente visse.





Era constante.
Costurava e cozinhava peixe como ninguém.
O que vinha dela era sempre doce, bem humorado e bem temperado. Sempre.
É que, por mais seco que fosse, vinha embalado pra presente, com laço de fita e papel de seda, numa bela caixa. Era assim que ela mostrava seu carinho, trazia o amor e mostrava o cuidado. Nunca - a não ser um dia antes de morrer - eu a vi se queixar...

Trocava meu nome. Misturava com os das tias, da minha mãe e das outras netas.
Chamava D.Valda de Dalva e o motorista de Seu Coisinha.

Reclamava sempre de quem ela gostava muito.

Foi forte, guerreira, engraçada, terna e matriarca, como diz meu pai “dona do único matriarcado que deu certo”.

Ela fez muitos vestidinhos com D. Zimar, quando eu nasci. E fez meu vestido de casamento, à mão...

Ela era mameluca e foi dela que eu herdei o gosto pelas coisas do Norte, essa força maternal, essa mania de fazer comida pra quem eu amo e depois me deliciar assistindo.
Veio dela também essa coisa tribal de nunca deixar quem é da família estar muito longe.
Tem que estar perto pra vida seguir boa.

Veio dela o Carimbó e muitas das musicas que minha mãe cantava pra me ninar.

...E um cheiro de patchuli, de raiz da Amazônia.

Fica uma saudade doída, uma lição de amor e união e um legado:
o de nos mantermos carinhosamente unidos, felizes, honestos e guerreiros.
Êta, vovó porreta!


***
Agradeço do fundo do coração aos meus queridos amigos
que me desejaram tão bem neste momento.
Tô de volta...que a vida não espera a gente sentadinha, não, senhor!