sábado, 5 de novembro de 2005

Pigmaleão e Galatéia

Tenho conversado com meus amigos-machos (aqueles do gênero masculino sexualmente atraídos por moçoilas) e sempre ouço que estão esperando por suas amadas prometidas, aquelas que virão, que ainda não apareceram, mas que hão de vir. E tenho sempre a impressão de estar sendo irremediavelmente remetida à imagem de uma Galatéia.

Tenho guardado pra mim essa insólita comparação inicial, mas eis que percebo certo comportamento de clausura nesses mesmos amigos. No caso deles, nada tem a ver com a questão de viverem feito heremitas, mas de se isolarem em grupos previamente conhecidos e de certo modo previsíveis, repetindo os mesmos programas e lugares.
É uma clausura de espírito.

Meus queridos, no hay más Afrodites disponíveis por ai, entoces, esqueçam suas respectivas Galatéias e abram-se pro mundo, seus Pigmaleões de meia tigela!

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Acordo com a remota lembrança da chegada de Bush e imediatamente passo a encarar esse flash como um pesadelo do qual não devo ter me recuperado bem antes de abrir os olhos, mas que nada!

Saio pra deixar meu filho mais velho na Feira de Cultura da escola e dou de cara com um aparato policial digno de filme roliúdiano: milhares de homens fortemente armados, carros com suas sirenes, cones, pistas fechadas, esteiras de pregos e muitas caras tensas, provavelmente apavorados que estão com a possibilidade de alguma coisa dar errado, já que esse país “de bem com a vida” não tem o costume de erguer barreiras ou construir abrigos antiaéreos.

Fiquei com a imagem da cara de um dos policias gravada depois do comentário do meu filho: “Mãe, parecia que ele ia bater na gente! Antes de ouvir a voz dele eu pensei que ele ia latir!”.
Eu só respondi que ele se inspirou na cara do texano mais babaca do mundo e caímos na risada!

Agora, o impagável Alceu Valença chegou ontem pra fazer show na cidade e aproveitou pra tomar parte numa manifestação anti-Bush. Não satisfeito com sua participação, hoje de manhã já tinha um forró dedicado ao presidente norte-americano que diz assim:
“O cara gosta do petróleo e de fazer guerras, não respeita o acordo de Kioto. Eu gosto de brincar de fazer neném, que é assim que eu me dou bem.”

Graaaande Alceu!

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Uma amiga fazendo aula de espanhol sai com o professor pra tomar um drink, despúes da aula, ontem...resultado: chicco bebedo a urrar: "Seré tu accidente si tú eres mi ambulancia" !
Com a língua pra fora a cada "ci" falado! hauhauhau

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Levantei cedo demais, condicionada pelo cotidiano que me faz sair da cama às 5h30 diariamente. Mas é sábado e o silêncio da casa me dá uma certa sensação de solidão.

Fico preguiçosa no sofá da sala, com as janelas abertas pra assistir o nascer do sol. Escolho uma musica e deixo ela me tomar. Sinfonia n.9 de Dvorak, 1ª faixa, Overture “Othello”, em seguida, O Concerto de Brandenburg, de Bach...

Me perco, viajo, revejo lugares e pessoas especiais.

Cansada de melancolia, crio o meu próprio “Galateu”: que escreve como Machado ou Eça, compõe como Dvorák ou Bach, é sensível como o nosso Jerico e gosta de brincar como o Alceu. E daí, nem precisa ter 1,90m, abdômen de tanque e olhos verdes, não.
Mas se tiver, eu não reclamo!Hauhhauhauhau

BOOOMMMM DIAAAAAA!