terça-feira, 10 de abril de 2007

back in town

Oi, zamores!
Voltei nooovinha em folha e aceleradinha da silva.
O feriado foi maravilhoso, com os amigos mais queridos pertinho, os filhos e marido a tiracolo...Ou seja, um must!


Amigo que tinha se acidentado gravemente já voltou inteirinho pro nosso convívio, o que foi um grande motivo de emoção e comemoração.


Isso sem contar a receita de Ossobuco que eu fiz lá pra gente...huuuummm.

Depois eu mostro a receita.





Ah, eu tava do ladinho dessa cachoeira ai, ó: Chama-se Loquinhas. Na verdade é um conjunto de 7 quedas e seus pocinhos fantásticos.
Bão, né?







***
Voltando à programação normal, a criatura liga a TV depois de quase uma semana de alienação. Tem como ficar alheio? Não tem, né? Tá bom.


No meio do mar de violência e terror que tem recheado os nossos telejornais e o cotidiano, hoje duas matérias em especial chamaram a minha atenção. Bom sinal de que acostumada e insensível eu ainda não fiquei.

Três ‘di menor’ aqui da capitarrr federarrr foram presos porque estavam juntos na idealização e futura operação de morte de um quarto ‘di menor’. Todos os três de classe média alta apareceram em fotos usando cocaína e posando com armas... Filhinhos de papai no centro do poder. Tal e qual a quadrilha desmontada no ano passado, que só aqui tinha sete rapazes atuantes no tráfico internacional. Dos quais, cinco estudaram comigo, no melhor colégio DE FREIRAS da cidade, lá nos idos de 1980, cujos pais podiam bancar qualquer sonho desses meninos. Do básico, advocacia, engenharia, medicina, até artes plásticas, gastronomia, escultura, vidros da Bohemia, astronomia na NASA e demais centros avançados de formação e carreira. Mas eles foram lá e escolheram deliberadamente ser bandidos.

Agora uma pesquisa do DataFolha anda mostrando que mais da metade dos brasileiros é a favor da pena de morte para crimes hediondos. Isso mesmo, colega, 55% de nós defendem e aceitam a cadeira elétrica ou a injeção letal. Começando do começo, eles andam jurando por Deus que haverá processos precisos, eficientes e justos por essas bandas de cá, assim, amanhã.
Eu fico pensando nesse povo que gosta de ver a pimenta queimando o alheio. Fico imaginando o dia em que o tal filhinho de classe média remediadinha, aquele que custou o zói da cara pra educar, fora o capital de afeto e atenção, for acusado, julgado e condenado, justa ou injustamente.


Eu não acredito nessas posturas. Não consigo matar nem vespa, que porventura tenha mordido o meu filho, embora instintivamente eu possa até ter o rompante.


Agora, uma sociedade que usa esse artifício, essa ferramenta legal pra condenar um sujeito, está mais perto da barbárie do que o aceitável ou não está?


O povo fica querendo seguir o modelinho do seo Buxi, naquele país que, na minha fraca idéia, guarda a maior concentração de serial killers por metro cúbico?

Cadê aquela linha de onde ninguém - nem os homens da lei - deve passar?



***



Pra matutar, de um dos meus poetas prediletos: Murilo Mendes.

SOLIDARIEDADE

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista,
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.

Do livro: "Tempos da literatura brasileira", Ed. Ática, SP, 1985