Educação. Palavrinha danada de complicada. A gente fica entre saber forçosamente se portar e ser naturalmente educadinha; entre falar baixo sempre, não berrar jamais e morrer de úlcera; tratar com profissionalismo e distância diplomática os caros colegas de trabalho e ser mais um sujeito formalzinho nesse mundo; entre ser simpático ou um otariano convicto de cara congelada...e se a gente entra no território de educar os filhos, meu bem, o samba esquenta, o frevo ferve, o sangue sobe e tome questionamento, tome dúvida, em doses nem sempre aconselháveis.
Acho que quem vem aqui sabe que eu tenho dois filhos homens: um de 12 anos e outro que faz 4, em Janeiro. São duas criaturas completamente encantadoras: inteligentes, saudáveis, perguntadores, conversadores, gentis e lindos. “Verdadeiros anjos?”, você perguntará. Nada disso, meu amigo, duas pequenas criaturas endiabradas, que têm um gás inesgotável, que falam e me disputam o dia inteiro, correm mais do que andam, resistem ao sono até desmaiar, mas que invariavelmente deixam boquiabertos os desavisados. Ou por se comportarem feito gentlemen ou por parecerem anõezinhos, de vez em quando, ou por serem absolutamente infantis em outras tantas. Mas não são crianças mal educadas, desrespeitosas, não dão chiliques, não fazem cena, são absolutamente diferentes entre si e originais (olha a babada básica da mamãezinha!).
Acontece que eu fui professora de criança, antes de ser mãe, e me apavorava, como ainda hoje, a possibilidade de um filho meu ser uma criatura que não pode entrar numa casa diferente da minha, não pode assistir a um espetáculo, não pode conviver com estranhos, não sabe se portar em diferentes ocasiões, não sabe respeitar o outro, por mais diferente que seja, não sabe sentar-se à mesa, não sabe esperar. No entanto, ele não pode deixar de ter espontaneidade de criança, brincar feito moleque, gritar a mãe da janela, chorar de dor, tristeza ou por pura vontade inexplicável de chorar, rir de dobrar, cantar as musiquinhas mais indecentes do planeta, deitar no colo, pedir cafuné, desenhar feito Miró ou Kandinsky - até nas paredes se eu não estiver ligada -, apelidar meus amigos dos nomes mais esquisitos, pedir pra que eu conte 30 vezes a mesma historinha e a minha mão antes de dormir, dormir agarrado comigo... e muitas vezes me ninar. Porque não tem nada mais aconchegante do que o calorzinho dos filhos antes de dormir.
E daí vem a pergunta, como é que se dá limites, se ensina a se portar diante da vida e se preserva a individualidade, a espontaneidade, a originalidade? Como é que eu posso respeitar essas criaturinhas como seres únicos, diferentes de mim e conseguir educar?
Não tenho uma resposta, não tenho uma única certeza, além do amor. E talvez seja isso mesmo que me ajuda: saber que enquanto me empenho em criar essas duas coisas lindas, eles, ao mesmo tempo, me educam, me mostram formas e abordagens diferentes...me apontam, o tempo inteiro, novos caminhos.
E nós seguimos juntos, como num balé, com direito a tombos feios no percurso, nem sempre tirando 10 no quesito harmonia, mas sempre tentando fazer com que eles sejam sujeitos que, desde já, se sintam bem sendo eles mesmos, em qualquer situação.
E não ache que o que eu digo é novo ou original!
Acho que quem vem aqui sabe que eu tenho dois filhos homens: um de 12 anos e outro que faz 4, em Janeiro. São duas criaturas completamente encantadoras: inteligentes, saudáveis, perguntadores, conversadores, gentis e lindos. “Verdadeiros anjos?”, você perguntará. Nada disso, meu amigo, duas pequenas criaturas endiabradas, que têm um gás inesgotável, que falam e me disputam o dia inteiro, correm mais do que andam, resistem ao sono até desmaiar, mas que invariavelmente deixam boquiabertos os desavisados. Ou por se comportarem feito gentlemen ou por parecerem anõezinhos, de vez em quando, ou por serem absolutamente infantis em outras tantas. Mas não são crianças mal educadas, desrespeitosas, não dão chiliques, não fazem cena, são absolutamente diferentes entre si e originais (olha a babada básica da mamãezinha!).
Acontece que eu fui professora de criança, antes de ser mãe, e me apavorava, como ainda hoje, a possibilidade de um filho meu ser uma criatura que não pode entrar numa casa diferente da minha, não pode assistir a um espetáculo, não pode conviver com estranhos, não sabe se portar em diferentes ocasiões, não sabe respeitar o outro, por mais diferente que seja, não sabe sentar-se à mesa, não sabe esperar. No entanto, ele não pode deixar de ter espontaneidade de criança, brincar feito moleque, gritar a mãe da janela, chorar de dor, tristeza ou por pura vontade inexplicável de chorar, rir de dobrar, cantar as musiquinhas mais indecentes do planeta, deitar no colo, pedir cafuné, desenhar feito Miró ou Kandinsky - até nas paredes se eu não estiver ligada -, apelidar meus amigos dos nomes mais esquisitos, pedir pra que eu conte 30 vezes a mesma historinha e a minha mão antes de dormir, dormir agarrado comigo... e muitas vezes me ninar. Porque não tem nada mais aconchegante do que o calorzinho dos filhos antes de dormir.
E daí vem a pergunta, como é que se dá limites, se ensina a se portar diante da vida e se preserva a individualidade, a espontaneidade, a originalidade? Como é que eu posso respeitar essas criaturinhas como seres únicos, diferentes de mim e conseguir educar?
Não tenho uma resposta, não tenho uma única certeza, além do amor. E talvez seja isso mesmo que me ajuda: saber que enquanto me empenho em criar essas duas coisas lindas, eles, ao mesmo tempo, me educam, me mostram formas e abordagens diferentes...me apontam, o tempo inteiro, novos caminhos.
E nós seguimos juntos, como num balé, com direito a tombos feios no percurso, nem sempre tirando 10 no quesito harmonia, mas sempre tentando fazer com que eles sejam sujeitos que, desde já, se sintam bem sendo eles mesmos, em qualquer situação.
E não ache que o que eu digo é novo ou original!
Desde os Vedas* e uma mulher em cada esquina já deve teve pensado nisso...Falando nisso, lá* mesmo encontrei isso, ó:
“(...) o homem, como toda alma condicionada, está sujeito a quatro tipos de limitações. 1- Pramada: tem a tendência a cometer erros. Isto ocorre até mesmo por simples falta de atenção. 2- Bhrama: tendência a se iludir especialmente sobre sua própria identidade. A alma condicionada pensa ilusoriamente que é o corpo material no qual está habitando. 3- Vipralipsa: tendência a enganar outros. Devido a nossa vasta experiência, esta limitação do homem dispensa aqui maiores comentários; E, 4- Karanapatava: ter sentidos imperfeitos. Nossos olhos, por exemplo, são tão incapazes de ver o que se encontra por trás de uma parede como de nos revelar Deus.”
And it was supposed to make me feel better, hum? I see...
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