segunda-feira, 30 de abril de 2007

Um farto sumiço

Peço desculpas pelo sumiço.
A meu favor só posso dizer que tive bons motivos pra me concentrar em outras coisas e deixar o blog um pouco de lado, embora isso não me dê nenhuma tranquilidade. Na verdade a gente sabe que é exatamente nesse mondo blog que as coisas se aproximam mesmo do ideal.

Bão, vamos aos fatos.

No sábado passado, dia 21 de abril, meus avós, Lúcia e Henrique, respectivamente com 79 e 83 anos, caíram no golpe do seqüestro por telefone. Foram nove horas de terror, mas o resultado final é que importa. E os dois estão inteirinhos e vivos. Oquei.

Segunda-feira, 23, meu filho mais velho, Victor, com 13 anos, voltava da escola ao meio-dia e foi assaltado por quatro moleques de rua armados de estilete e faca. Chegou em casa inteiro, mas abaladíssimo.

Ai parece que uma onda de violência resolveu sacudir a família e, na sexta-feira, 27 de abril, Victor voltou a ser ameaçado e perseguido por outros dois moleques até a porta de casa.

Eu me abstive até agora porque na hora do vamos ver a gente tende ao extremo e eu não quero compactuar com esses caras defensores de penas capitais e redução de maioridade penal. Porque o meu filho e os meus avós foram vítimas de uma violência brutal e invasiva, sórdida, que não escolhe raça, cor, credo ou idade...Simplesmente acontece.

Eu me afastei daqui porque não quis contaminar ninguém com esse pessimismo que me abateu – e quem me conhece sabe como são raros na minha vida tanto o abatimento quanto o pessimismo - e porque eu tive a pior das consciências. Porque eu senti profundamente a culpa de tudo estar como está, de ter chegado até esse ponto. E de eu ter feito, a mim e à minha família, o grande mal de não ter visto antes, ou melhor não ter ouvido mais cedo, quando o Betinho já dizia, que não há diferença entre o menino na rua e o que está dentro da minha casa. Pois não há.

E é um descuido caro. E eu me sinto tão responsável pelo assaltante quanto pelo assaltado, com a única diferença de ter construído para os que foram vítimas um ambiente de suporte, amor e cuidado. E ter preterido todos os outros.

Meu filho, meus avós e meus amigos que me desculpem se pareço radical e talvez um tanto culpada, ainda mais se numa hora como essas eu teimo em igualar nós todos. É que pra mim a única diferença foi a sorte que nós tivemos e a que eles jamais terão.


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Bora pras boas novas?


Voltei pra produção! É isso! Pronto! Falei!


Afastada desde que sai da DMV, há 12 anos, tomei coragem e resolvi produzir um monólogo. O texto é de Andréa Alfaia e o ator é o Arthur Tadeu Curado. Duas figuras queridíssimas que tão ai fazendo arte na raça. Competentes, talentosos e nos quais eu boto fé.com.br.


A peça se chama “Canção pra se dançar sem par” e estréia no dia 17 de maio (aniversário de amado marido), às 21h, com coquetel pra convidados e zuzu mais, no Espaço Cena Contemporânea.


Me desejem muita merda, por favor.


Merci.

(Eu, Arthur e Andréa na sessão de fotos)
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Xô pensar...quê mais?
Ah, sim, tava morta de saudade, viu?
Me ‘guentem que eu votei.